Bráulio critica congelamento de concursos; rebaixamento das tabelas volta à pauta do governo

As manchetes poderiam ser de 2017, quando denunciávamos aqui uma série de medidas que apontavam para o desmonte do estado brasileiro, mas, mesmo que pareçam apenas retrospectivas, são deste fim de semana. Mais uma vez, os servidores se veem enredados por propostas que apontam um futuro de precarização e tendem a, paulatinamente, reduzir a presença do estado, deixando desprotegida a parcela da população mais vulnerável. O anúncio de congelamento de concursos públicos e a retomada de estudos para rebaixar as tabelas salariais de entrada no serviço público vêm, justamente, nesse sentido.

 

CONGELAMENTO DE CONCURSOS

Em entrevista à Coluna do Servidor, do jornal O Dia, neste domingo, 9 de junho, o secretário executivo do Unacon Sindical, Bráulio Cerqueira, advertiu que 40% dos servidores da União vão se aposentar nos próximos cinco anos. “Mesmo com as novas tecnologias da informação, que aliás já são usadas pela administração na tramitação de documentos, comunicação e atendimento à população, haverá necessidade de recomposição da mão de obra”, ressaltou, ao comentar o argumento do ministro Paulo Guedes de que a informatização poderia substituir a mão de obra em diversas áreas.

 

Sobre o alarmismo do governo em relação ao gasto com o funcionalismo, Bráulio lembrou que em 2018 os gastos representaram 35% da receita corrente líquida, “ bem abaixo dos 50% permitidos pela LRF”. Para ele, a decisão do governo é mais postura ideológica de minimizar o Estado do que uma realidade da administração pública.

 

“O Brasil, contando União, estados e municípios, tem 11 funcionários públicos para cada 100 trabalhadores, enquanto na média da OCDE esse número chega a 21 para cada 100. No governo federal, o crescimento da força de trabalho entre 1994 e 2014 foi inferior ao da população e se concentrou em áreas de atendimento direto à população como educação”, alegou.

 

REBAIXAMENTO DAS TABELAS

Já a retomada dos estudos para rebaixar as tabelas de entrada no serviço público foi criticada por Rudinei Marques, presidente do Unacon Sindical, em entrevista ao Correio Braziliense neste sábado, 8 de junho.

 

Para ele o resgate de um projeto que não deu certo é mais uma demonstração de que o governo está perdido. “Não apenas os caricatos. Mas até os que são vistos como sérios não conseguem dar uma direção ao país. O que se vê é uma autoridade desmentindo a outra”, afirmou Marques.