FHC contesta dados do Portal da Transparência

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contestou ontem dados do Portal da Transparência, site do governo federal que registra as compras com cartões corporativos da União. Por meio de sua assessoria, FHC disse que estão erradas as datas em que foram registrados gastos feitos por seu segurança, Eduardo Sacillotto. Ele é o responsável pelo abastecimento de dois carros cedidos pela Presidência da República para uso do ex-presidente. Por lei, Fernando Henrique tem direito a segurança e veículos cedidos pelo governo.

No sábado, o Correio publicou reportagem revelando incongruências nas prestações de contas de Sacillotto. Ele gastou R$ 15.774 entre 6 de dezembro de 2006 e 21 de dezembro do ano passado. Em todas as vezes abasteceu no mesmo posto, no bairro paulistano de Higienópolis, próximo à residência de Fernando Henrique. Há registros de pagamentos ao posto em dias nos quais o segurança, um militar do Exército, estava em missão fora do Brasil, acompanhando o chefe. Segundo FHC, as datas registradas pelo governo estão erradas.

Viagens
O portal oficial diz que ele gastou R$ 143,00 em 12 de julho do ano passado. Nesse dia ele estava na Colômbia, em viagem oficial. A assessoria do tucano diz que o gasto foi feito no dia 11, antes de ele embarcar. No dia 25 de janeiro, Sacillotto acompanhava o ex-presidente em uma viagem à Costa Rica e República Dominicana, mas o portal registra um gasto de R$ 153 no posto. Segundo os assessores do ex-presidente, é mais um erro de data no site do governo. A compra teria sido feita um dia antes.

O terceiro caso é de novembro. Sacillotto viajou para a Argentina com FHC entre os dias 7 e 9. O extrato de cartão registra dois abastecimentos no dia 7, nos valores de R$ 138 e R$ 156. FHC diz que os dois pagamentos são de 6 de novembro. A assessoria do ex-presidente não enviou cópias dos documentos, mas garante que as datas constam das prestações de contas enviadas para o governo.

A assessoria confirma que há casos em que Sacillotto abasteceu mais de uma vez no mesmo dia. A explicação é que ele levou os dois carros para encher o tanque. A nota diz que o cartão usado pelo segurança do ex-presidente tem limite de R$ 2 mil mensais e que as prestações de contas são entregues mensalmente à Secretaria de Administração da Casa Civil da Presidência da República.

A Controladoria-Geral da União (CGU), responsável pelo Portal da Transparência , admite a possibilidade de erro. Segundo o órgão, o Banco do Brasil informava a data em que a transação foi aceita por sua central e não da transação efetiva. Por isso, algumas operações são registradas com atraso.

As informações sobre o cartão corporativo do motorista de Fernando Henrique irritaram parlamentares da oposição, que viram nelas uma manobra do governo e saíram em defesa do ex-presidente. O senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB, disse que “Fernando Henrique autoriza qualquer investigação sobre sua vida”. Heráclito Fortes (DEM-PI) alertou que o segurança é indicado pelo governo. “Pode ser um espião.”